ALEXANDRE BACELAR: “PODEMOS ESTABELECER E EXECUTAR MAIS DO QUE A LEGISLAÇÃO SOLICITA”

Em entrevista ao Blog da Sapra, chefe de serviço de Física Médica e Radioproteção do Hospital das Clínicas de Porto Alegre comenta a importância da proteção radiológica na gestão hospitalar e destaca a necessidade de aproximar profissionais que atuam em hospitais e empresas do setor da pesquisa científica nessa área.

Raio-X do entrevistado: Alexandre Bacelar atua como chefe de Serviço Física Médica e Radioproteção e como coordenador da Comissão de Proteção Radiológica e coordenador da Residência em Física Médica no Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA). É formado em  Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), com mestrado em Ciências Médicas na área de Radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialização em Engenharia da Qualidade e em Administração Hospitalar pela PUC-RS e pelo IAHS. Atua também como professor convidado de pós-graduação nas áreas de Medicina do Trabalho e Segurança do Trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e de Engenharia de Segurança do Trabalho na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

 

Blog da Sapra: Qual a importância da física médica na gestão hospitalar, atualmente?

Alexandre Bacelar: A física médica passa por uma adaptação aos tempos modernos e, com isso, resgata e conquista o seu maior valor agregado, que é o intelectual. A tendência é que devemos aplicar a intelectualidade, o conhecimento e ter pensamento estratégico a serviço das organizações, estando ligados às direções das instituições de saúde  para a tomada de decisões estratégicas em níveis de gerenciamento da proteção radiológica, física médica e gerenciamento de imagens médicas.

A física médica deve aplicar conhecimento intelectual e ter pensamento estratégico para a tomada de decisões na gestão da proteção radiológica

 

Como a radioproteção é tratada pela legislação brasileira? Na sua opinião, há a necessidade de se discutir novas diretrizes para que o cumprimento das medidas protetivas aos profissionais seja mais eficaz e valorizado por clínicas e hospitais?

Há muito debate sendo realizado sobre a legislação brasileira referente à radioproteção. Entendo que essas leis, normas e regulamentações são bastante importantes e muitas delas conseguem acompanhar a evolução da tecnologia. Também percebo que os órgãos competentes buscam, cada vez mais, manter essa legislação atualizada. Porém, como costumo dizer, nosso trabalho é conseguir manter a segurança do paciente, do indivíduo ocupacionalmente exposto à radiação e também de indivíduos públicos em geral fora do risco, ou com menor risco possível. Assim, a não existência de uma regulamentação específica não justifica a não realização de um trabalho visando a segurança, pois possuímos recomendações internacionais a serem seguidas e, além disso, temos a capacidade e o conhecimento para fazer mais do que a legislação solicita.

A legislação deve estar atualizada, mas nosso trabalho é minimizar o risco e, assim, a não existência de regulamentação não justifica a não realização de um trabalho de segurança

 

Como é a atuação de um profissional de física médica no processo hospitalar, especialmente em instituições de grande porte? Neste sentido, qual a diferença entre as funções de um físico e de um tecnólogo?

Mais do que o conhecimento e habilidade técnica, o profissional de física médica deve possuir um perfil mais híbrido, conciliando o aspecto acadêmico, aspecto técnico com a habilidade administrativo-financeira de gerir um alto volume de serviços cada vez mais complexos e que afetam diretamente a eficiência operacional da instituição de saúde, trazendo, com seu trabalho, melhoria da qualidade, diminuição das doses e reduções de custos significativas. Esse profissional deve ser um bom desenvolvedor de estratégias, tendo foco em resultados com grande eficiência e, com isso, garantindo a sustentação da qualidade e segurança, gerando indicadores e relatórios gerenciais completos e detalhados.

O profissional de física médica deve conciliar o conhecimento, a técnica e habilidade administrativo-financeira de gerir serviços complexos que afetam a eficiência operacional da instituição de saúde

 

Diante de sua experiência dentro da área de proteção radiológica e principalmente como ex-presidente da Associação Brasileira de Física Médica, qual a sua avaliação sobre a evolução das pesquisas científicas desenvolvidas no país em relação a esse assunto?

A pesquisa científica no Brasil está  bem representada pelo setor acadêmico, incluindo nossas universidades e instituições de pesquisa, que são referências nacionais e internacionais na área. Devemos também ter o compromisso de pleitear melhor desenvolvimento da pesquisa realizada pelos físicos médicos que trabalham nos hospitais, para que possa haver uma melhor troca de experiências e de dados sobre a prática do dia-a-dia, também construir  com que as empresas participem do processo e possam desenvolver pesquisas com nossas instituições, buscando uma melhoria na proteção radiológica para todos, como parceiros, não apenas visualizando lucro.

Devemos desenvolver pesquisa científica com físicos médicos que trabalham nos hospitais, para que possa haver uma melhor permuta de experiências e de dados

 

Como o senhor avalia, como cliente, os serviços e o atendimento da Sapra Landauer na área de proteção radiológica?

Por sermos uma instituição pública, sempre realizamos uma concorrência pública para a contratação de serviços de proteção radiológica. Nesse processo, a empresa Sapra Landauer consegue alcançar nossas exigências de qualidade e preço, com o que somos sempre atendidos pela empresa naquilo que solicitamos e contratamos.

A empresa Sapra Landauer consegue alcançar nossas exigências de qualidade e preço e somos sempre atendidos pela empresa naquilo que solicitamos e contratamos