‘Conhecimento é um dos principais pilares quando se fala em energia nuclear’, diz física Silvia Velasques

 

Sapra Landauer entrevistou pesquisadora e autora de livros para celebrar o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, comemorado em 08 de Julho.

Quando o assunto é energia nuclear, o conhecimento é um dos principais pilares para combater a falta de informação e evitar o medo. A afirmação é da física, professora e pesquisadora Silvia Velasques, uma das cientistas mais importantes na pesquisa sobre energia nuclear. Coautora do livro Aplicações da Energia Nuclear na Saúde, Silvia escreveu a obra quando percebeu que havia pouca bibliografia sobre o assunto. Atualmente, está finalizando os livros Aplicações da energia nuclear em pesquisas e Materiais radioativos, aplicações e legislação.

“Nossa proposta é que o primeiro livro seja usado no ensino médio, abordando os termos, definições e aplicações da energia nuclear da maneira mais clara possível, sem cometer erros técnicos”, afirmou Silvia.

Interessada e atuante na área de educação, acompanhou as discussões e a promulgação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na área de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia), o assunto da energia nuclear foi inserido no sistema educacional pela primeira vez em 2017. A BNCC foi aprovada em sua terceira versão.

Na primeira versão, no 9º ano do ensino fundamental, o primeiro tópico dos professores sobre energia nuclear era bomba atômica. Eu me revoltei e me reuni com um grupo de professores da SBBN para formular um documento explicando porquê este tópico deveria ser retirado da grade. E tiraram – a versão atual não tem bomba atômica. Foi ali que comecei a me envolver mais com as abordagens sobre energia nuclear para estudantes”, contou Silvia, que escreveu o livro junto com a professora da UFMG Regina Pinto de Carvalho.

A ideia nasceu após a promulgação da BNCC, quando Silvia fez uma pesquisa extensa em bibliotecas escolares de universidades e livrarias e não encontrou nenhum material didático em português que pudesse ser utilizado pelos professores sobre o tema da energia nuclear. Por isso, lançou e dedicou o livro Aplicações da Energia Nuclear na Saúde a estudantes e professores do ensino médio.

Regina Carvalho e Silvia Velasques com Helena Nader (no centro), no lançamento do livro Aplicações da Energia Nuclear na Saúde, em 2017 – crédito: arquivo pessoal/Silvia Velasques

A publicação em língua portuguesa ocorreu por meio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e foi traduzida para o inglês com o suporte da International Atomic Energy Agency (IAEA), com apoio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Sociedade SBBN e SBF. O download gratuito do livro está disponível nos sites da SBPC e da SBF.

Em setembro de 2023, Silvia promoverá um curso de 40 horas no Instituto de Engenharia Nuclear, com a temática de Biossegurança e Radioproteção em laboratórios de pesquisas, com público focal em pesquisadores e estudantes de pós-graduação.

Em entrevista ao blog da Sapra Landauer, Silvia relembrou sua trajetória pessoal, profissional e falou sobre os desafios de trabalhar com energia nuclear no Brasil.

Trajetória

Valente, Silvia Velasques sempre enfrentou as dificuldades com cabeça erguida. “Minha vida sempre foi um abacaxi, mas sempre consegui descascá-lo”, brincou ela, que nunca teve medo dos espinhos – e nem das críticas. “Se você ficar 100% do tempo só batendo palmas, você não avança. A crítica leva ao aperfeiçoamento”, afirmou.

Nascida em 1954 em Jaguarão (RS), município fronteiriço com o Uruguai, teve a vida orientada pela educação, sendo sempre a melhor aluna da escola. Desde os 14 anos, dava aula de matemática e vendia enciclopédias para seus colegas. Aos 15, pediu ao seu pai para mudar-se para Porto Alegre, já com o intuito de estudar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“A profissão foi minha liberdade”, afirmou Silvia. Filha de um funcionário do alto escalão do Banco do Brasil, foi a primeira pessoa da família a ter um diploma de graduação: formou-se em Matemática pela UFRGS e, aos 21 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se graduou em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Na academia, é doutora em Biociências Nucleares pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e se especializou em Controle de Fontes de Radiação pela Argonne National Laboratory, na Chicago University e em Dosimetria Interna na ICTP em Trieste, na Itália.

Especialização em Energia Nuclear

De 1981 e 1986, Silvia trabalhou na iniciativa privada e se especializou em treinamentos para aplicações da energia nuclear na área de radiografia industrial. Em 1986, ingressou como pesquisadora na (CNEN), onde se aposentou em 2013. Na instituição, coordenou a área de licenciamentos de instalações industriais e fiscalização de instalações médicas, industriais e de pesquisas. Na área da energia nuclear, participou da elaboração e revisão de regulamentações técnicas e normas da CNEN e ANVISA.

Silvia Velasques e José de Júlio Rozental, em frente ao Monumento da Energia Nuclear, na Universidade de Chicago, em 1989 – Arquivo pessoal/Silvia Velasques

 

Foi na CNEN que Silvia teve contato com alguns dos maiores nomes do universo da física e da Energia Nuclear nacional e internacional. Mentor de Silvia, José de Júlio Rozental (1933-2010) foi um dos físicos mais importantes da história da Comissão Nacional de Energia Nuclear, renomado pelo trabalho de descontaminação das áreas atingidas pelo acidente com o césio-137 em Goiânia (GO), em 1987.

Grande amigo de Sérgio Mascarenhas, José de Júlio Rozental fez parte da criação da Sapra Landauer, como bem lembrou Silvia. “A Sapra ocupa um lugar na minha história porque eu estava lá, na sala onde Sérgio Mascarenhas e Júlio Rozental falaram sobre o embrião da empresa”.

Grande defensora da interdisciplinaridade e do acesso à informação, Silvia lembra de Sérgio Mascarenhas com carinho e admiração. “Ele foi um pioneiro na academia, abriu muitos caminhos para quem veio depois. Ele quebrou essa ideia de ‘ou você é cientista ou é empreendedor”, comentou.

Os desafios da área nuclear no Brasil

Quando questionada sobre os desafios em relação à atuação dos pesquisadores e profissionais que trabalham com energia nuclear, Silvia afirmou que o Brasil não tem problemas do ponto de vista operacional, de quem trabalha e de quem fiscaliza as operações da energia nuclear.

“O Brasil é um dos países mais respeitados na área de segurança radiológica e nuclear do mundo. Tem recursos, bons profissionais que participam de muitos eventos na Agência Internacional de Energia Atômica, então estão sempre muito atualizados”, afirma.

Para ela, a maior dificuldade é a falta de informação e de conhecimento sobre o assunto, já que as pessoas em geral não têm ideia das aplicações da energia nuclear no dia a dia. Nesse sentido, a pesquisadora defende que o conhecimento é um dos principais pilares para combater a falta de informação e evitar o medo.

Na área da energia nuclear, Silvia reforça que o treinamento é fundamental para garantir a segurança. “As pessoas mudam, as tecnologias mudam e os sistemas de controle se adaptam, portanto, é tudo muito dinâmico. O treinamento também deve ser”, ressalta.

A importância das Sociedades Científicas no Brasil

Durante 9 anos, de 2013 a 2022, Silvia atuou como Presidente da Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares (SBBN). “Quando ficamos sem um centavo para pagar os alunos, manter os laboratórios e montar novos, fazer congressos, entre outras coisas, percebemos que precisávamos correr atrás de dinheiro. Neste momento, as sociedades científicas se uniram com esta bandeira. Foi uma época em que tive o prazer e o orgulho de trabalhar muito”, contou a pesquisadora.

Dados da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC) mostram que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) perderam aproximadamente 51% da verba para financiar pesquisas nos últimos dez anos.

“Quando a ciência brasileira passou por dificuldades nos últimos anos, principalmente de financiamento, as sociedades científicas se envolveram muito na liberação de recursos, buscando o aumento das bolsas. As sociedades, embora os perfis dos associados e os estatutos não mudem, se adaptam às necessidades de cada momento”, afirmou Silvia que, entre 2015 e 2016, trabalhou em prol da aprovação da lei do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Silvia com presidentes de sociedades científicas no Palácio do Planalto, evento de assinatura
do Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2016 – Arquivo pessoal/Silvia Velasques

Em 2023, as sociedades se juntaram para pressionar pela liberação de um projeto de lei que abre crédito suplementar para o orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para financiar projetos, fazendo com que o recurso do fundo suba para R$ 9,6 bilhões/ano.

Atualmente, Silvia faz parte de seis sociedades nacionais – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Sociedade Brasileira de Física (SBF), Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares (SBBN), Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR), Associação Brasileira de Física Médica (ABFM) e Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), e duas internacionais – American Association for Advance of Sciences (AAAS) e European Association of Nuclear Medicine (EANM).

Para a pesquisadora, a SBPC é importante, pois tem uma visão ampla sobre as possibilidades das ciências no Brasil, mas também está inteirada nos problemas da sociedade brasileira, participando das políticas públicas utilizando a ciência.

“É importante que as sociedades científicas participem da SBPC para discutir os problemas brasileiros, as prioridades, as políticas públicas com uma visão crítica e de conjunto, sabendo como podem colaborar. Tive o prazer e o orgulho de levar a SBBN para dentro da SBPC, e lá dentro participar de um momento sofrido, mas importante, onde os cientistas dispuseram de grande parte de seu tempo para trabalhar em um assunto que não era de seus campos de atuação”, relembrou Silvia sobre as lutas para obter financiamento para as pesquisas.

Programa de Qualidade da Mamografia avalia desempenho dos serviços de imagem

Criado pelo INCA, PNQM é baseado em critérios técnicos para garantir resultados precisos
Precisão é importante já que 90% dos exames são feitos quando a mulher não tem sintomas

O Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM), criado pelo Ministério da Saúde, atribui ao Instituto Nacional do Câncer (INCA), a avaliação da qualidade dos exames, visa avaliar o desempenho dos serviços de imagens oferecidos à população. O objetivo é garantir que os resultados sejam precisos e confiáveis, já que cerca de 90% dos exames são feitos quando a mulher não tem sintomas.

Segundo a Física especializada em Radiodiagnósticos Sonia Maria da Silva, Tecnologista responsável pelo gerenciamento dos processos de qualidade de mamografia do INCA, o programa é baseado em critérios técnicos referentes à qualidade da estrutura do processo, dos resultados e da dose de radiação, além da imagem clínica e do laudo.

“O PNQM é composto por ações coordenadas que têm como referência as normas vigentes, visando garantir a qualidade final da mamografia. Além disso, o programa tem a característica de ser contínuo. As avaliações são periódicas para identificar necessidades de correção e aperfeiçoamento do processo”, afirma a tecnologista que também é coordenadora do curso “Atualização em Mamografia para Técnicos  e Tecnólogos em Radiologia” (nível Nacional) e de produção de material pedagógico (Brasil e América Latina) – INCA/MS.

Uma mamografia de qualidade não se resume apenas em ter uma ótima imagem, a preocupação com a segurança em relação à radiação, que deve ser usada de forma controlada, deve ser levada em conta no momento da realização do exame. “No programa avaliamos o equilíbrio entre a qualidade da imagem e a dose de radiação empregada nos exames, além disso avaliamos a atuação dos profissionais com relação ao posicionamento dessa mama e a interpretação das imagens geradas”, comenta a Tecnologista.

A precisão no resultado do exame se faz necessária já que a mamografia ajuda no rastreamento do câncer, como explica Sonia. “Cerca de 90% dos exames são realizados em mulheres que não têm sintomas da doença, visando identificar sinais radiológicos sugestivos da doença para encaminhamento da confirmação diagnóstica”. A identificação de alterações favorece um diagnóstico precoce, possibilitando um tratamento mais rápido, assertivo e e menos mutilante.

Processo de avaliação

No Programa de Qualidade em Mamografia o processo de avaliação é realizado em duas fases: na primeira é avaliado o desempenho do mamógrafo, onde os técnicos examinam a dose de radiação usada e a qualidade da imagem do simulador de mama.

“A avaliação é feita por via postal. Enviamos um kit contendo um bloco de acrílico, um dosímetro e as instruções de como esse material deve ser exposto no simulador radiográfico de mama. Quando recebemos esse material de volta, fazemos a leitura desse dosímetro em nosso laboratório para conhecermos a dose de radiação empregada naquela exposição e a qualidade da imagem do simulador de mama em conjunto com a exposição”.

Sonia ainda explica que a segunda fase consiste em analisar as imagens clínicas geradas e o laudo. “Solicitamos que o laboratório nos encaminhe uma amostra de cinco exames acompanhada dos laudos. Nesse momento fazemos a observação dos profissionais com relação ao posicionamento da mama, critérios anatômicos, como por exemplo se é possível identificar os vasos , diferenciar tecidos e critérios físicos como presença de ruídos, entre outros  e se tem algum artefato e, por fim, a análise do laudo feito por esses profissionais. É importante ressaltar que esses exames são avaliados por uma comissão de especialistas do INCA e do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR)”.

Em 30% das avaliações são encontradas algum tipo de não conformidade, e a tecnologista conta que elas são as mais variadas. “Na primeira fase as mais comuns são com relação à dose de radiação empregada e a qualidade da imagem do simulador. Nesses casos, quando detectada alguma não conformidade, orientamos o laboratório a fazer o ajuste no equipamento. Já na segunda fase, logo no início do programa, encontramos muito problema na qualidade das imagens imagens relativas a primeira fase de avaliação. Com o avanço do programa, as ações sendo realizadas, percebemos que esse problema foi sendo superado e hoje é menos frequente. Outras não conformidades foram aparecendo e hoje, cerca de 20% são em relação ao posicionamento da mama e à confecção do laudo”.

Quando um serviço apresenta uma não conformidade, os especialistas fazem recomendações de ajustes para que o exame tenha a qualidade necessária. “A natureza do nosso programa é educativa e não punir, sendo essa uma responsabilidade fiscal. Por isso, quando o serviço faz o que foi recomendado, uma nova amostra é colhida e enviada para ser reavaliada, e isso pode ser feito diversas vezes, até que o serviço esteja de acordo com as normas”, explica Sonia.

Parcerias fundamentais
O programa conta com duas importantes parcerias: o Colégio Brasileiro de Radiologia e as Vigilâncias Sanitárias. “Cabe às vigilâncias cobrar dos serviços a participação no programa e acompanhar se as melhorias sugeridas estão sendo aplicadas”.

Existem hoje no Brasil 5.500 serviços de mamografia. O PQM já avaliou cerca de 1.389, dentre os quais, 942 estão finalizados e aprovados, 225 estão em avaliação na primeira fase e 224 estão em fase de adequação para passar por uma nova avaliação. “Ainda temos um longo caminho a percorrer, acredito que uma meta satisfatória seria atendermos no programa 70% dos serviços. Dadas as diferenças regionais, sócio-culturais do país e também da independência de atuação das equipes de vigilância, observamos que nos municípios onde a vigilância sanitária é mais atuante, a adesão do serviço é maior e, por consequência, a qualidade do exame realizado é melhor”.

A participação no programa é feita através da parceria com as vigilâncias sanitárias, mas o próprio serviço pode acessar a página do INCA (www.inca.gov.br) e participar voluntariamente do PQM.

Cursos de atualização

Para ajudar os serviços no momento das correções de não conformidade, o PQM estruturou cursos de atualização para técnicos e tecnólogos, que são oferecidos gratuitamente de forma on-line, três vezes ao ano e para todos os profissionais do Brasil. Sonia conta que alguns serviços preferem contratar outros cursos de aperfeiçoamento. “Isso acontece porque no caso do nosso curso passamos toda a parte teórica, mas por ser à distância fica uma lacuna com relação à parte prática. Nos casos em que a não conformidade é com relação ao laudo e interpretação diagnóstica, o CBR disponibiliza treinamento através do módulo Bi-Rads, também gratuito e à distância”.

Além dos cursos, o PQM oferece palestras em congressos e elabora materiais que são distribuídos nos serviços. “Com essas ações temos percebido uma importante melhora na qualidade dos exames realizados, o que minimiza as chances de erro de diagnóstico. Identificar os casos suspeitos de câncer de mama em tempo oportuno faz com que o tratamento seja menos mutilante, com maior chance de sobrevivência. Além do impacto epidemiológico, ressaltamos também o impacto social e econômico, porque quanto mais simples o tratamento, menor é o custo para o estado”, finaliza Sonia.

 

É preciso mudar o enfoque da educação das meninas e incentivá-las a ter persistência, diz física Yvonne Mascarenhas

“É preciso mudar o enfoque da educação das meninas e incentivá-las a ter persistência diante das dificuldades. O cérebro feminino é tão capaz quanto o masculino.” A afirmação é da cientista Yvonne Primerano Mascarenhas, a primeira mulher a ocupar uma cadeira no Departamento de Física da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), em 1956, e uma das pioneiras na fundação do então Instituto de Química e Física de São Carlos (IQFSC/USP).

Em entrevista exclusiva ao blog da Sapra Landauer, por ocasião do Dia Internacional das Mulheres, a professora Yvonne Mascarenhas contou parte de sua trajetória profissional e falou sobre a importância de abrir caminho para as mulheres na ciência, estimulando essa atuação desde cedo, com mudanças na educação – dentro e fora das escolas – e com bons exemplos.

“Toda vez que uma mulher é premiada na ciência, outras se inspiram. Esse reconhecimento é um reforço para que mais mulheres assumam o mesmo tipo de atividade. Atualmente isso é até mais viável, já que não existem aquelas famílias numerosas, que obrigavam as mulheres a assumir os afazeres do lar. Hoje, vemos muitos casais que dividem a condução do lar; os dois trabalham e colaboram com as atividades domésticas de forma organizada e isso é uma grande evolução”, observou Yvonne, que teve uma carreira brilhante na ciência.
Foi pesquisadora na Universidade de Princeton, professora visitante no Instituto Politécnico Nacional do México, orientou inúmeros Mestrados e Doutorados e, em 1998, recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-Cruz, concedido pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Para ela, o mesmo olhar que permitiu às mulheres essa abertura profissional, deve ser ampliado também para a educação na sociedade. “Quando você vai comprar um brinquedo para uma criança, a primeira questão do vendedor é se quem vai ganhar o presente é menino ou menina. Se for menina, ele te leva para a seção de bonecas e pequenas cozinhas; já se for menino, você é direcionada para a seção de games e eletrônicos. Ou seja, o estímulo às meninas pode começar daí, desde cedo”, ressaltou a cientista.

Nascida em Pederneiras em 1931, Yvonne mudou-se para o Rio de Janeiro aos 10 anos. Neta de imigrantes italianos, carrega consigo a força intrínseca da família, que precisou lutar para se estabelecer no Brasil. Seus pais – Francisco Primerano e Luiza Lopes Primerano – consideravam prioritário o recurso para educar os filhos, tanto que além dela, suas duas irmãs seguiram carreira científica: uma como professora de Física na Unicamp e outra como física médica nos EUA, especializando-se no tratamento de câncer por radiação.

(Foto: Léo Ramos Chaves | Revista Pesquisa FAPESP)

(Foto: Léo Ramos Chaves | Revista Pesquisa FAPESP)

Ainda menina, Yvonne teve aula com a escritora Cleonice Berardinelli, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), com quem aprendeu a amar poesias e a língua portuguesa. A acadêmica Cleonice, falecida recentemente, era considerada uma referência em estudos da literatura portuguesa, e a influenciou sobremaneira.

“Sempre fui introspectiva, gostava muito de ler e tive sorte de ser aluna da professora Cleonice Berardinelli, que me inspirou muito, tanto que cheguei a pensar em seguir carreira nessa área. Mas no Curso Clássico (atual Ensino Médio), tive um professor de química muito bom e colegas interessantes, como a Anna Maria Endler, uma grande amiga. Analisando tudo o que eu poderia desenvolver na vida, compreendi que eu seria mais útil seguindo carreira de química. E durante a graduação em Química, na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), me encantei com a disciplina de físico-química, ao estudar as transformações no sentido de transferência de energia”, contou.

Assim, em 1954, após graduar-se em química, Yvonne obteve o título de bacharel em Física pela Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro). E em 1956, foi contratada como professora assistente pela Escola de Engenharia de São Carlos, na época única unidade da Universidade de São Paulo na cidade, onde Yvonne se estabeleceu e construiu carreira, desempenhando importante papel na vida de seus colegas e pupilos, na formação da cristalografia no Brasil e na consolidação do IFSC-USP, do qual foi sua primeira diretora, entre 1994 e 1998, logo após o desmembramento do IQFSC.

Carreira x Vida Pessoal

Para a professora Yvonne, o fato de se mudar para uma cidade do interior de São Paulo facilitou a conciliação da vida pessoal e profissional, o que, muitas vezes, acaba sendo um impedimento para que mulheres sigam na carreira científica. “No Rio de Janeiro, tive que limitar minhas atividades quando meu primeiro filho nasceu. Parei com aquelas que exigiam minha ida ao laboratório e comecei a dar aulas particulares em casa. Por outro lado, morando em São Carlos, tudo ficou mais fácil, porque as distâncias eram menores”, explicou.

A carreira em pesquisa é árdua e exige dedicação, um desafio para mulheres que querem conciliar trabalho e família. Segundo dados da Unesco, as mulheres representam 33,3% de todos os pesquisadores no mundo e apenas 12% delas são membros de academias científicas nacionais. A presença de pesquisadoras cai ainda mais quando o foco está em tecnologia e inovação: apenas uma em cada cinco profissionais atua nessas áreas.

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2015, justamente como forma de aumentar a conscientização sobre a presença e a excelência das mulheres na ciência.
“A presença da mulher é importante para que ela possa dar sua contribuição natural, afinal, a mulher tem grande sensibilidade e, em geral, contribui com a qualidade do ambiente de trabalho, o que faz toda diferença no sucesso das pesquisas. Dizem que a mulher escolhe caminhos indicados por sua intuição, e o que chamamos de intuição, na verdade, é a experiência acumulada” observou a professora Yvonne.

Barreira Educacional

Para a física, é fundamental suplantar a barreira educacional para que as jovens tenham mais coragem e condições de percorrer o caminho da ciência. “Frequentemente, as mães falam para as crianças: isso seu pai resolve ou deixe com o seu pai que é coisa de homem. Ou seja, há um direcionamento desde cedo. Mas é uma questão de expor a menina a ter experiências interessantes na área de pesquisas. Já temos leis que garantem todos os nossos direitos, antigamente não se aceitavam mulheres na Engenharia ou na Medicina. Hoje, tudo está aberto, só precisa mudar o enfoque da educação das meninas, desde a tenra idade”, ressaltou.

Desde que se aposentou, em 2001, decidiu atuar na difusão do conhecimento em escolas públicas. Teve vários projetos apoiados pela FAPESP e pelo CNPq.“Sempre gostei de me sentir útil e achei que poderia ajudar pessoalmente alunos da rede. Então, procurei escolas com professores interessados em receber esse apoio e iniciei esses projetos, com foco em mudar o padrão da educação das meninas. Sempre gosto de reforçar que o cérebro feminino é tão capaz quanto o masculino, só precisa treinar na direção certa”, afirmou.

Persistência

Um detalhe que não pode passar despercebido é a persistência que as cientistas precisam ter para seguir carreira em pesquisa, aliás, como em qualquer outra área de atuação. Durante a entrevista, a professora Yvonne citou o livro de sua amiga Anna Maria Endler, pesquisadora titular emérita do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

“Perseverança” conta a história de Anna, uma das primeiras pesquisadoras na área de física no Brasil, suas conquistas e dificuldades inseridas no cenário cotidiano da segunda metade do Século XX. A autora ressalta quatro princípios que sempre lhe foram essenciais: convicção, retidão, verdade e justiça, além da perseverança, claro.

A professora Yvonne a cita com admiração e já recomendando a leitura da obra e a prática de seus ensinamentos. “As mulheres que mais admiro foram justamente aquelas que não se deixaram vencer diante dos reveses da vida, como a Anna Maria. E esse é o caminho, precisamos incentivar as meninas a ter persistência, mesmo que a caminhada seja árdua. Tem que saber o que se quer, treinar o cérebro para ser focado e persistir”, finalizou Yvonne Mascarenhas.

Monitoramento em linha de luz no Sirius viabiliza avaliação de processo inflamatório em animais


Uma pesquisa realizada no Sirius, em Campinas (SP), promoveu o monitoramento das doses de radiação emitidas em uma das linhas de luz, mostrando que, com alguns cuidados, seria possível a realização de imagens em animais sem causar danos de curto prazo à saúde deles. Coordenada pelo líder do Grupo de Proteção Radiológica do Sirius, Fernando Antonio Bacchim Neto, a pesquisa teve o apoio da Sapra Landauer, que disponibilizou os dosímetros InLight, capazes de medir radiação X, gama e beta utilizando a tecnologia OSL.

A linha de luz onde o experimento ocorreu é uma das diversas estações experimentais do Sirius, uma fonte de luz síncrotron de quarta geração, considerada uma das mais avançadas do mundo. Inaugurado em 2018 e batizado com o nome da estrela mais brilhante do céu noturno, o acelerador de partículas de 68 mil metros quadrados é a maior e mais complexa infraestrutura de pesquisa já construída no Brasil.

Operado pelo Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), vinculado ao CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Sirius conta com feixes de raios X de alto brilho que permitem análises com resolução nanométrica, possibilitando avanços em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país, como agricultura, energia e saúde, que foi a área de atuação da pesquisa em parceria com a Sapra.

As linhas de luz permitem observar aspectos microscópicos de diferentes materiais, como os átomos e moléculas que os constituem, seus estados químicos e sua organização espacial, além de acompanhar a evolução no tempo de processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem em frações de segundo.

Novas possibilidades

Quando os pesquisadores do Sirius vislumbraram a possibilidade de analisar o processo e estruturas em um animal ou até de promover um tratamento através daquela linha de luz, se depararam com uma questão que precisava ser resolvida: “Tínhamos uma linha de luz extremamente eficaz, competitiva internacionalmente, mas não conhecíamos exatamente as doses que emitia, para conseguir concluir que seria possível colocar um animal ali sem causar nenhum processo ou alteração artificial. Então decidimos ‘dar um tiro de canhão’ nesse problema, fazendo uma abordagem bastante robusta, já no primeiro momento, com foco nos animais. E essa validação só foi possível com o uso dos dosímetros OSL da Sapra”, explicou Bacchim.

As doses de radiação sempre foram um impeditivo para esse tipo de iniciativa, pois eram muito altas. Com isso, obrigatoriamente, depois da imagem o animal tinha que ser sacrificado. O nível de controle que o Sirius garante na qualidade do feixe, contudo, pode ser comparado à tomografia. E foi exatamente o que fez acender uma luz na mente dos pesquisadores que começaram a estudar a possibilidade de colocar um animal ali de modo que ele saísse vivo, sem nenhum dano causado pelo procedimento.

A iniciativa já foi realizada em outros síncrotrons, mas é algo inédito no Brasil. “Os dosímetros foram ferramentas fundamentais para validar as nossas simulações computacionais. Foi um trabalho bem objetivo, que exigiu bastante atenção e muitas discussões”, comentou o físico médico.

Desafios e superações durante a pesquisa

O feixe naquela linha de luz era muito amplo em energia, um cenário que não é ideal para dosimetria, por ser considerado muito “poluído”, o que fez com que o experimento precisasse ser lapidado. “Discutimos muito o experimento em si, colocamos filtros na frente dos feixes para tentar tirar, ao menos, as energias mais baixas, e foi muito bom poder contar com a parceria ativa da Sapra também nessas discussões, avaliações e decisões”, afirmou Bacchim.

Para a diretora-presidente da Sapra Landauer, Drª Yvone Mascarenhas, que assina o artigo científico junto com os pesquisadores, o projeto foi de fundamental importância. “Somos movidos por desafios, conhecimento e parcerias, então, gostamos de explorar ideias, incorporando as mais avançadas tecnologias e identificando oportunidades diferenciadas para fornecer as soluções mais adequadas para os nossos parceiros. E esse foi um passo importante em direção à saúde, com foco no desenvolvimento da nossa sociedade”, destacou.

E como preconizou a física médica estadunidense Rosalyn Yalow, Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1977, “novas verdades se tornam evidentes quando novas ferramentas se tornam disponíveis”. A pesquisa científica realizada no Sirius apresentou resultados que possibilitaram insights para decisões futuras na linha de luz. “Pretendemos fazer mais medidas na linha e continuar essa abordagem robusta em parceria com a Sapra”, finalizou Bacchim.

Sirus recebe propostas de novas pesquisas

O Sirius está com uma chamada regular de propostas de pesquisas para as suas seis primeiras estações experimentais. As inscrições podem ser feitas até 15 de dezembro, aqui. Poderão submeter sua proposta pesquisadores interessados em realizar experimentos no Sirius

 

 

Pesquisa comprova que a utilização adequada de monitores está entre as melhores práticas de proteção radiológica

HC de Botucatu promove mudanças na proteção radiológica após pesquisa com apoio da Sapra Landauer

Uma pesquisa realizada no Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu comprovou que a utilização adequada de monitores individuais está entre as melhores práticas para a proteção radiológica. Além disso, o estudo também apontou a necessidade de treinamento periódico dos profissionais que atuam com radiação ionizante.

O objetivo do trabalho, que se tornou o título do artigo científico, era justamente fazer uma “Avaliação da exposição à radiação ionizante em equipe multidisciplinar devido ao uso de equipamentos de fluoroscopia no centro cirúrgico”.
Coordenado pela professora Diana Rodrigues Pina, do Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem, o estudo contou com o apoio da Sapra Landauer, que forneceu os equipamentos de dosimetria OSL, fez a leitura e a emissão dos relatórios para análise.

Segundo o supervisor de proteção radiológica do HC de Botucatu, Allan Felipe Fattori Alves, o projeto nasceu de uma demanda do setor. “Temos o Núcleo de Proteção Radiológica e o Comitê de Proteção Radiológica, que é mais amplo e representado por diversos setores onde se debatem muitos assuntos. E em uma das reuniões, levantou-se essa questão”, relatou.

O uso da radiação ionizante no ambiente hospitalar é essencial em muitas modalidades diagnósticas e terapêuticas. O avanço na tecnologia dos equipamentos possibilita a melhoria na qualidade das imagens, no entanto, essa melhoria pode estar associada a níveis mais altos de radiação. Daí a necessidade de realizar a pesquisa, sempre com foco na proteção das equipes multiprofissionais, do público e do meio ambiente.

“Com a decisão de iniciar o trabalho, a professora Diana entrou em contato com a Sapra Landauer, que prontamente aceitou o convite para participar da pesquisa”, contou Allan.

Esta não foi a primeira vez que a empresa participou de um projeto com o grupo. “Alguns anos antes, nós utilizamos monitores da empresa em um projeto na Hemodinâmica. No Centro Cirúrgico foi bem diferente, porque lá tem uma dinâmica muito grande. Mas queríamos, justamente, identificar nessa gama de procedimentos, aqueles que tinham doses mensuráveis. Queríamos avaliar as condições de exposição à radiação de indivíduos ocupacionalmente expostos, para emprego de medidas de proteção radiológica”, explicou.
Cenário

Equipamentos emissores de radiação ionizante são utilizados em centros cirúrgicos para guiar procedimentos invasivos. A checagem dos equipamentos e do ambiente deve ocorrer constantemente, acompanhando a evolução tecnológica, justamente para evitar o aumento das doses de radiação na equipe.

Para realizar o trabalho, os pesquisadores utilizaram três equipamentos de fluoroscopia: arco cirúrgico, sistema dosimétrico com câmaras de ionização e dosímetros opticamente estimulados.

As avaliações foram realizadas em três partes: uma etapa observacional, uma segunda etapa de estimativas de taxa de kerma, simulando condições de exposição, e uma última etapa de dosimetria dos profissionais para estimativa de dose efetiva.

“Na 1ª etapa, avaliamos a presença dos residentes do setor, a exposição das pessoas na sala, utilização dos equipamentos, quem são os profissionais que precisam ficar ali, qual a distância que eles ficam etc. Na 2ª, utilizamos equipamentos que simulam o espalhamento da radiação na sala e fizemos um mapeamento da distribuição da radiação com base nesses procedimentos que julgamos ser mais críticos, como da neurologia, vascular, urologia e ortopedia. E, por fim, selecionamos 50 profissionais, entre médicos, residentes, enfermeiros, enfim, pessoas que estariam mais próximas, para serem acompanhadas durante quatro meses”, detalhou Allan.

Como os monitores têm que ser trocados e analisados a cada 30 dias, o grupo realizou 200 leituras. “O suporte científico e técnico da Sapra sempre foi muito bom, de muito boa qualidade. O interesse científico da empresa em fazer pesquisa e publicar os artigos nacionalmente também é muito interessante. Encontrar artigos recentes nessa área é raro, e em cinco anos o cenário muda bastante. A tecnologia dos equipamentos, as normativas, então é um campo a ser explorado. A parceria com eles sempre foi muito proveitosa”, ressaltou Allan.

Conclusões

Com o resultado, foi possível determinar os procedimentos mais frequentes e a disposição para cada membro da equipe avaliada. “Depois de concluída a pesquisa, fizemos algumas mudanças: promovemos um grande treinamento com os profissionais, em especial com aqueles que estariam nessas regiões mais críticas, e eles passaram a ser dosimetrados de maneira regular”, disse.

As taxas de doses e dose efetiva encontradas não são negligenciáveis, então, o grupo concluiu que a utilização adequada dos equipamentos e o treinamento periódico dos profissionais são as melhores alternativas para a proteção radiológica.

“A utilização adequada e consciente dos equipamentos, em condições adequadas de segurança, bem como a utilização adequada dos equipamentos de proteção individual (EPIs) garantem a proteção das equipes multiprofissionais, do público e do meio ambiente”, afirma o texto.

Além da professora Diana Pina e do físico médico Allan Alves, o artigo contou com a participação dos cientistas Caio Santiloni Cury, Raul Lopes Ruiz Jr, José Carlos de Souza Trindade Filho, Lucas Faconi Camargo, além da física e diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Maria Mascarenhas, e da física, responsável técnica e gerente de operações e do sistema da qualidade na Sapra, Maria de Fátima Magon.

Pesquisa propõe análise qualitativa para avaliar proteção física de instalações radiativas

Uma pesquisa do Instituto de Radioproteção e Dosimetria/Comissão Nacional de Energia Nuclear (IRD/CNEN), conduzida pelo engenheiro mecânico Alexandre Roza de Lima, propõe um novo modelo de avaliação da eficácia do Sistema de Proteção Física (SisPF) de fontes radioativas e instalações radiativas associadas. Denominado MAESP – Modelo de Avaliação da Eficácia do Sistema de Proteção Física, o sistema utiliza análise qualitativa para avaliação da eficácia do sistema de proteção física de instalações radiativas.

“Os modelos existentes no mercado são muito complexos e a aplicação é direcionada para proteção física de materiais nucleares. A abordagem de segurança para fontes radioativas utilizadas em hospitais, clínicas e indústrias é distinta, não dá para adotar a mesma proteção física de uma usina nuclear em um hospital, por exemplo. E essa pesquisa acaba atendendo a uma demanda mundial, porque não existiam ferramentas para se avaliar um sistema de proteção física de instalações radiativas”, explica Lima.

Um Sistema de Proteção Física é baseado em cinco funções básicas de proteção física (dissuasão, detecção, retardo, resposta e gestão de segurança física), todas necessárias para proteger uma instalação radiativa contra atos maléficos. Aliás, isso é justamente o que difere a proteção física da proteção radiológica, já que, em geral, na proteção física a causa do problema é intencional, e na proteção radiológica é algo inadvertido. Nos dois casos, portanto, é preciso adotar medidas para evitar ocorrências e mitigar as consequências, caso um evento ocorra.

Os atos intencionais vão desde acessos não autorizados ao material ou à instalação radiativa, como furtos e roubos para venda no mercado negro, até sabotagem na instalação e no transporte. Todos gerariam movimentação ilegal do material e poderiam causar grandes danos à sociedade e ao meio ambiente.

“O roubo de um material radioativo pode causar vários transtornos, não só porque a empresa vai perder esse material, mas também porque, como consequência, ele pode ser levado para fora da instituição e expor outras pessoas. Além dos prejuízos à saúde, uma ocorrência como essa pode gerar grande impacto na reputação da empresa”, ressalta o pesquisador.

O MAESP foi desenvolvido em dois módulos distintos permitindo avaliar, de forma independente, as estruturas física e administrativa do SisPF, através de dois processos estruturados elaborados para a condução da avaliação de eficácia do SisPF, que inicia pela definição do nível de proteção física (NPF) da instalação, finalizando com uma análise qualitativa de robustez em ambos os módulos.

O objetivo é identificar as vulnerabilidades para poder fortalecer o SisPF, otimizar recursos com os princípios de segurança física, desenvolver um projeto de aplicação adequado ao uso e promover uma cultura de Segurança Física. “Fortalecer essa cultura é fundamental, porque hoje, o brasileiro não acredita que esses atos maléficos possam ocorrer, mas é justamente nessa brecha que o fato acontece. E precisamos evitar”, comenta.

Legislação

A proteção física das fontes radioativas é um tema muito recente no mundo. No Brasil, o primeiro regulamento sobre o assunto foi publicado em 2019. Tecnologista Pleno em Segurança Física Nuclear da CNEN, certificado pela World Institute for Nuclear Security (WINS) na área de Gerenciamento de Segurança Física de Fontes Radioativas, Lima trabalhou ativamente na elaboração da Norma CNEN-NN-2.06/2019 “Proteção Física de Fontes Radioativas e Instalações Radiativas Associadas”, que dispõe sobre os princípios e requisitos de proteção física aplicáveis a fontes radioativas e instalações. “Nosso grupo de trabalho iniciou o movimento com vistas à elaboração de uma Norma em 2016, ou seja, foram três anos de estudos, pesquisas e trabalho até que ela fosse publicada”, relata.

Atualmente, o grupo está debruçado sobre a elaboração da Norma CNEN NN 2.05, voltada para segurança física no transporte de fontes radioativas. A preocupação é justamente evitar episódios como o acidente radioativo de Goiânia, que ocorreu na década de 1980, ou o roubo do carro que transportava material radioativo no Rio de Janeiro, em 2012. A nova Norma deve ser publicada até o início de 2023.

Análise do novo modelo de avaliação

De acordo com os resultados da pesquisa, o MAESP mostrou-se capaz de avaliar a eficácia do SisPF de forma simples e célere, permitindo que o usuário de fontes radioativas identifique as fragilidades exploráveis na instalação por componente, por camada de segurança e por função básica de proteção física.
Ainda segundo o estudo, o MAESP possibilita que o usuário priorize a implementação de melhorias em pontos mais críticos de vulnerabilidade do SisPF, de forma a otimizar e evitar gastos demasiados em seu aperfeiçoamento.

Pesquisas em proteção radiológica direcionam decisões

As pesquisas em proteção radiológica e em segurança física de instalações nucleares e radiativas são fundamentais, pois ajudam as instituições que atuam com materiais radioativos a direcionarem a tomada de decisão.

Professor da Pós-graduação em Proteção Radiológica com Ênfase em Supervisão Médica e Industrial, Alexandre Roza de Lima tem mais de 20 anos de experiência na área de segurança e proteção radiológica e sete anos na área de fiscalização e avaliação de segurança física de instalações nucleares e radiativas.

Membro da Comissão de Segurança e Radioproteção Industrial da ABENDI e do Grupo de Trabalho em Segurança Física de Fontes Radioativas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), aprofundou-se no tema, inicialmente, durante o Mestrado em Biofísica das Radiações.

“Nesta pesquisa fizemos avaliação de dosimetria no cristalino dos operadores de radiografia industrial, isso porque, em 2011 o cristalino passou a ser uma preocupação no mundo radiológico. Nossos olhos são muito sensíveis à radiação ionizante, então, a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) reduziu os limites de dose para o cristalino; e no Mestrado, avaliei a necessidade de se utilizar um dosímetro específico para cristalino”, explica. “Nesse sentido, a Sapra Landauer, que tem know how no assunto, me ajudou a conhecer essa tecnologia”, ressalta.

Seu envolvimento com o tema aumentou desde que passou a integrar a equipe da CNEN, em 2014, e a realizar as pesquisas para o seu Doutorado. Para ele, ainda há muito a ser feito tanto em proteção radiológica, quanto na área de proteção física de instalações radiativas como, por exemplo, o desenvolvimento de uma ferramenta computacional com o MAESP, para reduzir o tempo de resposta e aumentar a qualidade das avaliações de eficácia dos SisPF permitindo ao avaliador testar diversas combinações de elementos e medidas de proteção física de forma célere e eficiente.

Outra possibilidade é a realização de estudos experimentais fazendo uso do MAESP, com o objetivo de ampliar o seu campo de aplicação em diferentes tipos de instalações radiativas médicas, industriais e de pesquisa permitindo aperfeiçoar e customizar o novo modelo de avaliação para cada caso em específico. Em outras palavras, as pesquisas científicas não podem parar.

Proteção radiológica deve preservar os trabalhadores e garantir a menor dose nos pacientes, diz ex-presidente da ABFM

Por ser um tema de extrema importância e também de tantas normas regulatórias, a proteção radiológica ainda gera várias discussões. Muitas delas tornam-se objeto de estudos e pesquisas científicas. Ainda bem. Foi assim que a proteção radiológica evoluiu. 

Quando a radiologia surgiu, no fim do século XIX, a atividade era realizada sem qualquer tipo de proteção. Segundo o físico médico Renato Dimenstein, que ocupou a presidência da ABFM (Associação Brasileira de Física Médica) na gestão 2020/2021, a questão das normas de segurança dos trabalhadores melhorou muito no Brasil nos últimos 30 anos, porém, é preciso ampliar as discussões sobre o assunto.

“Atualmente, a proteção radiológica faz parte da cultura das instituições de saúde, o que é um ganho. Mas, por outro lado, ainda é preciso melhorar a questão do uso da radiação nos pacientes. É possível reduzir a dose mantendo a qualidade diagnóstica? Qual o caminho para essa redução? Essas e outras questões devem ser respondidas. A proteção radiológica deve preservar os trabalhadores e garantir a menor dose nos pacientes”, ressalta. 

Programas de educação continuada são fundamentais na área de radiologia e medicina nuclear. Além de outras práticas que devem ser adotadas, como o uso de arcos cirúrgicos para segurança dos trabalhadores e dos pacientes. Para Dimenstein, é fundamental que o foco esteja nos dois lados da moeda. 

“Os dosímetros OSL garantem a segurança do trabalhador, mas existe outro aspecto importante que é a segurança do paciente, então, a dose e a qualidade da imagem impactam diretamente nesse processo. E se as doses de radiação utilizadas não forem monitoradas corretamente, o trabalhador também acaba recebendo além do necessário”, observa. 

Educação continuada na área físico médica

Parceira em diversas pesquisas científicas, a Sapra Landauer também promove treinamentos e educação continuada com foco na informação e na atualização em relação às normas, conceitos e tecnologias de proteção radiológica. 

“O laboratório de dosimetria da Sapra, ao longo dos anos, vem ajudando bastante a comunidade de radiologia, os físicos, os médicos, no que diz respeito à segurança do trabalho, auxiliando no cumprimento dos requisitos para minimizar os riscos e efeitos deletérios à saúde dos trabalhadores. Isso é fundamental”, destaca Dimenstein.

A importância da atualização constante na área de proteção radiológica ficou evidente em suas ações à frente da ABFM, apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas. Renato Dimenstein assumiu a presidência da Associação no início de 2020, dois meses antes de aparecer o primeiro caso de Covid-19 no Brasil. E com o isolamento social imposto no país, o registro da apuração da eleição no Cartório de Notas precisou ser adiado, o que significou contas bancárias da Associação bloqueadas. 

A Diretoria ficou sem acesso às finanças da ABFM até agosto de 2020. Ainda assim, conseguiram promover diversos cursos online de ultrassom e ressonância. “Como muitas pessoas, conseguimos fazer um rearranjo, e os cursos promovidos logo no início da pandemia tiveram um interesse enorme de público. Mais tarde, começamos a fazer seminários para as universidades, com relação às normas sanitárias de proteção radiológica, promovendo atualização profissional em diversas cidades. Foi muito bom”, avalia. 

Melhorias necessárias 

Para o ex-presidente da ABFM, a dosimetria é um grande avanço na área de proteção radiológica, mas ainda faltam parâmetros de referência nacional. “Até existem algumas universidades trabalhando para estabelecer esses parâmetros, mas eles são solitários, no sentido de que cada um está fazendo de uma forma. O que precisamos é batalhar por uma política de saúde pública que possa ter a contribuição da universidade, dos laboratórios e de grandes empresas como a Sapra, atuando com esse mesmo foco no país inteiro”, afirma. 

O maior desafio, segundo Dimenstein, é que a comunidade de proteção radiológica compreenda a importância de trabalhar em grupo. “Na física médica estamos muito acostumados a fazer tudo sozinho, mas a área da saúde exige multiprofissionais e empresas qualificadas que possam ser parceiras nesses trabalhos”, finaliza.

Física vai elencar pontos positivos da RDC no 330 para a área da saúde

Denise Yanikian Nersissian será uma das palestrantes do VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica da Sapra Landauer, em 19 de março.

A física Denise Yanikian Nersissian será uma das palestrantes do VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica, marcado para o próximo dia 19 de março, cujo tema será “Conhecendo a RDC Nº 330”. O evento ocorrerá das 14h às 17h30, no Espaço Maestro, localizado na Rua Maestro Cardim, 1170, Paraíso, São Paulo.

Formada pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo; com Doutorado em Tecnologia Nuclear – Aplicações pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares,  Denise Yanikian Nersissian atua como gestora do Programa de Garantia de Qualidade do Serviço de Radiologia Diagnóstica do Instituto de Radiologia da Faculdade de Medicina da USP (INRAD/HC/FMUSP) e é preceptora, pelo Instituto de Física da USP (IFUSP), do Programa de Residência em Física Medica – Diagnóstico por Imagem da FMUSP.

Em sua explanação no VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica da Sapra Landauer, a física pretende fazer uma abordagem geral da RDC no 330, elencando os diferentes aspectos da resolução, com foco nas mudanças na área da saúde, além de tirar dúvidas dos profissionais presentes no evento.

A RDC Nº 330 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 26 de dezembro de 2019 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), revogando a Portaria SVS/MS nº 453, de 1º de junho de 1998, e a Resolução Anvisa/RE nº 1016, de 3 de abril de 2006. A RDC se aplica a clínicas, hospitais e demais serviços que prestem serviço de radiologia diagnóstica ou intervencionista e o prazo para adaptação é de 12 meses a partir da sua publicação, ou seja, 26 de dezembro de 2020. Além de mudanças técnicas e de requisitos de controle de qualidade também houve o alinhamento da RDC 330 com outras normativas federais.

“É uma mudança significativa e os estabelecimentos terão um prazo relativamente curto para adaptação. Pretendo apresentar os itens da RDC e procurar elencar o que temos de positivo para área da saúde. Minha expectativa é interagir com os profissionais da saúde para conhecer outros pontos de vista da aplicação desta lei”, declara a física Denise Yanikian Nersissian.

O VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica será composta também pelas palestras da física Shirley Fujisawa Okuno, Supervisora da Equipe Técnica de Radiações do Centro da Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, e da física e diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Maria Mascarenhas, que abordará a RDC no 330 sob o ponto de vista da proteção radiológica.

As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas pela internet, por meio do site da Sapra Landauer. Os participantes receberão certificado de participação. As vagas, porém, são limitadas. Caso tenha interesse em participar, favor entrar em contato com a Sapra Landauer.

Palestra da supervisora da equipe técnica de radiações do CVS abordará “Regulação em Radiodiagnóstico”

A física Shirley Fujisawa Okuno vai abordar a atuação da Vigilância Sanitária do Estado no VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica: “Conhecendo a RDC nº 330”.

A física Shirley Fujisawa Okuno vai ministrar a palestra “Regulação em Radiodiagnóstico” no VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica da Sapra Landauer, intitulado “Conhecendo a RDC nº 330”. O evento ocorrerá no dia 19 de março, das 14h às 17h30, no Espaço Maestro, que fica na Rua Maestro Cardim, 1170, no bairro Paraíso, em São Paulo.

A RDC nº 330 revogou a Portaria SVS/MS nº 453, de 1º de junho de 1998 e a Resolução Anvisa/RE nº 1016, de 3 de abril de 2006, e discorre sobre as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico e sobre o uso dos raios-x diagnósticos em todo território nacional. Esta RDC se aplica a clínicas, hospitais e demais serviços, seja ele público ou privado, civil ou militar, que prestem serviço de radiologia diagnóstica ou intervencionista, fabriquem ou comercializem equipamentos de radiologia, e instituições de ensino e pesquisa.

Ainda de acordo com a nova resolução que já está em vigor, os estabelecimentos abrangidos terão o prazo de 12 meses, a partir da data da publicação, que foi dia 26 de dezembro de 2019, para se adequarem às determinações previstas. O descumprimento acarretará infração sanitária, nos termos da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, combinado com o Código Sanitário do Estado de São Paulo,  Lei nº 10.083, de 23 de setembro de 1998.

Com o VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica: “Conhecendo a RDC nº 330”, a Sapra Landauer pretende atualizar conhecimentos e facilitar o acesso a informações técnicas qualificadas sobre a RDC nº 330. Os presentes também terão a oportunidade de tirar dúvidas com os palestrantes.

Durante sua palestra, cujo tema será “Regulação em Radiodiagnóstico”, Shirley Fujisawa Okuno, que é responsável pela supervisão da Equipe Técnica de Radiações do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS), vai abordar a atuação do CVS, apresentando o papel deste órgão estadual.

“Nosso objetivo é apresentar o papel da Vigilância Sanitária e sanar as dúvidas dos presentes, explica ela, que é física com Bacharelado e Mestrado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP)

O VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica será composta também pelas palestras da física Denise Yanikian Nersissian, gestora do Programa de Garantia de Qualidade do Serviço de Radiologia Diagnóstica do Instituto de Radiologia da Faculdade de Medicina da USP (INRAD/HC/FMUSP) e preceptora, pelo Instituto de Física da USP (IFUSP), do Programa de Residência em Física Médica – Diagnóstico por Imagem da FMUSP e da e da física e diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Maria Mascarenhas, que abordará a RDC no 330 sob o ponto de vista da proteção radiológica.

As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas pela internet, por meio do site da Sapra Landauer. Os participantes receberão certificado de participação. As vagas, porém, são limitadas. Caso tenha interesse em participar, favor entrar em contato com a Sapra Landauer.

Palestrante analisa estrutura da RDC no 330 com foco na proteção radiológica

Yvone Maria Mascarenhas, física e diretora-presidente da Sapra Landauer, vai ministrar uma das palestras do VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica: “Conhecendo a RDC nº 330”.

A estrutura da RDC nº 330, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 26 de dezembro de 2019 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em comparação às antigas diretrizes da portaria n453, que foi revogada por ela, sob o foco da proteção radiológica. Este será um dos destaques da palestra ministrada pela física e diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Maria Mascarenhas, no VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica, da Sapra Landauer, no próximo dia 19 de março. Tendo como tema principal “Conhecendo a RDC nº 330”, o evento ocorrerá das 14h às 17h30, no Espaço Maestro, localizado na Rua Maestro Cardim, 1170, Paraíso, São Paulo.

O objetivo é reunir profissionais da área interessados em atualizar conhecimentos, ter acesso a informações técnicas qualificadas sobre a RDC nº 330. Eles poderão tirar dúvidas com os palestrantes convidados pela Sapra.

A RDC nº 330 revogou a Portaria SVS/MS nº 453, de 1º de junho de 1998 e a Resolução Anvisa/RE nº 1016, de 3 de abril de 2006, e discorre sobre as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico e sobre o uso dos raios-x diagnósticos em todo território nacional. Esta RDC se aplica a clínicas, hospitais e demais serviços, seja ele público ou privado, civil ou militar, que prestem serviço de radiologia diagnóstica ou intervencionista, fabriquem ou comercializem equipamentos de radiologia, e instituições de ensino e pesquisa.

A atualização é importante, porque os estabelecimentos abrangidos por esta resolução terão o prazo de 12 meses, a partir da data da publicação, que foi dia 26 de dezembro de 2019, para se adequarem às determinações previstas. O descumprimento acarretará infração sanitária, nos termos da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977.

Durante sua palestra, a física Yvone Mascarenhas pretende apresentar a estrutura desta nova resolução, sob o ponto de vista da proteção radiológica, comparando os critérios estabelecidos por ela em comparação à portaria no 453.

“Enquanto a portaria no 453 trazia no seu conteúdo princípios de proteção radiológica, responsabilidades e todos os aspectos técnicos da proteção radiológica nas diversas especialidades, incluindo  radiologia convencional, mamografia, CT, fluoroscopia, odontologia e outras , a RDC 330, tem no seu conteúdo os princípios básicos de proteção radiológica e a definição das responsabilidades, deixando a  parte mais técnica para as instruções normativas”, adianta a palestrante.

A física ainda destaca outra questão que diz respeito à proteção radiológica. “Tanto a portaria como a RDC estabelecem a necessidade da monitoração individual dos trabalhadores ocupacionalmente expostos, além de treinamentos. Observando este aspecto, a Sapra tem muito a colaborar com nossos clientes”, acrescenta Yvone Mascarenhas.

O VI Encontro Técnico de Proteção Radiológica será composta também pelas palestras da física Shirley Fujisawa Okuno, Supervisora da Equipe Técnica de Radiações do Centro da Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, e da física Denise Yanikian Nersissian, gestora do Programa de Garantia de Qualidade do Serviço de Radiologia Diagnóstica do Instituto de Radiologia da Faculdade de Medicina da USP (INRAD/HC/FMUSP) e preceptora, pelo Instituto de Física da USP (IFUSP), do Programa de Residência em Física Medica – Diagnóstico por Imagem da FMUSP.

As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas pela internet, por meio do site da Sapra Landauer. Os participantes receberão certificado de participação. As vagas, porém, são limitadas. Caso tenha interesse em participar entre em contato com a Sapra Landauer.